G. Burkhardt - Especializado em Rock 'n' Roll, underground e música de qualidade

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Uma criação múltipla

         Na mitológica índia, existem centenas de deuses e semideuses, os principais são os que formam a trindade Brama, Vishnu e Shiva. O primeiro é o criador de tudo, o segundo o que mantém o mundo e o terceiro é o destruidor. Mas aquele que destrói, só destrói com o intuito de reciclar, de renovar. Por isso se costuma dizer que ser devoto de Shiva é brincar com fogo, que se deve ter cuidado com o que pedir a Shiva, pois ele dará, mesmo que seja para o mal de outro ou do próprio devoto. Shiva é isso, energia da natureza destruidora e criadora. O movimento perpetuo, o ciclo vital. Nascer, morrer, nascer.
         A frase “Dançando aos Pés de Shiva surgiu pela primeira vez no título de uma música composta pelo violinista pernambucano Sérgio Ferraz. Depois, a pedido dele, criei um desenho em forma de mandala, inspirada nesse título, que foi a arte de capa do cd de mesmo nome, todo feito com pontilhados em bico de pena, e que até o momento considero minha melhor obra. Inspirado na composição, que tem quase 8 minutos de duração e é uma verdadeira meditação e oração à Shiva, logo escrevi uma poesia com mesmo título.

              Produzi com mais de trezentas imagens um vídeo baseado nessa música e finalmente editei uma história em quadrinhos com esse título, com as imagens do vídeo e com a poesia como texto. Paralelamente fiz exposições de artes visuais com uma série de mandalas geradas a partir da primeira criada para o cd e junto com o show de Sérgio Ferraz com a minha mandala eternizada como pano de fundo do palco.
           



Parei e refleti, como esse título “Dançando aos Pés de Shiva” se desdobrou em tanta coisa, como a energia de Shiva se expandiu e parece que não para de se expandi. Música, Desenho, Poesia, Vídeo, show, exposição e Quadrinhos. E a impressão que eu tenho é que algo ainda virá por aí. E se brincamos com fogo, me parece que ele queima com uma voracidade calma e deixa cinzas de muita criatividade.
          
No fundo destruímos papel branco, destruímos canetas de nakin, tintas e pincéis, destruímos cordas de violinos, destruímos espaços em branco no youtube, destruímos letras mortas, destruímos mais coisas do que percebemos, para criar aos pés de Shiva.

                                                  
                                                              Guga Burkhardt

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